ESTUDO DA BÍBLIA – CAPÍTULO 13

          (JUÍZES 01 a 21)



                  "JUÍZES"

O Livro dos Juízes foi assim chamado pelo grande relevo que nele têm os chefes a quem se deu tal nome (chofetim). Praticamente o livro é constituído por doze histórias correspondentes aos doze juízes que nele desfilam aos olhos do leitor.

Chofetim: Eram libertadores e julgavam as causas do povo".


                          CONTEXTO HISTÓRICO

Depois da sua chegada a Canaã e do seu esta­be­le­cimento no território, como está descrito em Josué, as doze tribos fica­ram um pouco à mercê dos povos que ainda ocupavam a terra. Cananeus e filisteus continuavam a sua luta para expulsar as tribos israelitas que se tinham infiltrado em algumas parcelas do seu território; e a conquista total da terra e o consequente predomínio dos israelitas sobre os povos locais ficará para mais tarde, no tempo de David (séc. X a.C.). Depois da morte de Josué, por volta de 1200 a.C. (Js 24), as tribos fica­ram sem um chefe que aglutinasse todas as forças para se defenderem dos inimigos es­trangeiros. A única autoridade constituída era a dos anciãos de cada tribo. Além disso, estas pequenas tribos eram muito independentes entre si, e não era fácil congregá-las. Ficavam, assim, mais expos­tas aos ataques de filis­teus, cananeus, madianitas, amonitas, moabi­tas, todos inimigos históricos de Israel.

                          QUEM SÃO OS JUÍZES

É nestas circunstâncias que aparecem os Juízes. Não são chefes constituídos oficialmente, mas homens e mulheres carismá­ti­­cos, atentos ao Espírito do Senhor, pessoas marcadas por uma forte perso­na­lidade, capazes de se imporem moralmente perante as outras tribos. Deste modo, quando alguma tribo era atacada, o Juiz congregava as outras para irem em socorro da tribo irmã. Uma outra função que lhes poderia ser atri­buí­da era a de julgar (da raiz chaphat, que significa “admi­nis­trar a justiça”, “pro­teger”), em casos especiais, função que terá estado na ori­gem do nome de “Juízes”.O tempo dos Juízes é, pois, o tempo da consolidação das tribos no seu ter­ri­tório, perante os inimigos estrangeiros, e o tempo das primeiras tenta­tivas de federação entre as várias tribos com diferentes origens (ver Js 24).


                           DIVISÃO E CONTEÚDO

Na falta de escrita, as histórias e os feitos dos Juízes passaram pelas tradições orais locais, sobretudo nos santuários, antes de fazerem parte da memória coletiva de Israel.
Com o aparecimento da monarquia e a consequente organização política, social e religiosa, todo este material de caráter histórico, mítico, poético e etio­lógico entrou no espólio coletivo de Israel, sendo posteriormente orga­nizado por blocos lite­rá­rios mais amplos. É costume dividir o livro dos Juízes em dois grandes blocos literários:  I. Tradições sobre a conquista de Canaã (1,1-3,6). II. História dos Juízes (3,7-16,31). Nestes, é costume distinguir: Juízes Maiores ou “salvadores”: Oteniel (3,7-11), Eúde (3,12-30), Dé­bora e Barac (4,1-5,32), Gedeão (6,11-8,35), Jefté (11,1-40) e Sansão (13,1-16,31); Juízes Menores, que constituem um bloco literário acrescentado mais tarde: Cha­megar (3,31), Tola (10,1-2), Jair (10,3-5), Ibsan (12,8-10), Elon (12,11-12) e Abdon (12,13-15). Deste modo se formou o “Livro dos doze Juízes de Israel” (3,7-16,31). III. Apêndices: 17-18, sobre a tribo de Dan, e 19-21, sobre a de Benjamim.


                                                                                               
                                       GEDEÃO      


Posteriormente foram acrescentadas duas introduções: 1,1-2,5, que apre­senta a situação geral das tribos depois da morte de Josué; e 2,6-3,6, que apre­senta a História de Israel como uma “História Sagrada”: pecado do povo – castigo de Deus – perdão de Deus. É a concepção deuteronomista da História de Israel, em cujo contexto teológico deverá situar-se este livro. O livro contém igualmente dois apêndices: os capítulos 17-18, que nar­ram a migração da tribo de Dan do Sul para a nascente do Jordão, no Norte; e os capítulos 19-21, que narram o crime dos habitantes de Guibeá, da tribo de Benjamim, tribo que será destruída.   
                                                                                            
Todas estas tradições, que andavam de boca em boca, juntamente com as de outros heróis nacionais, entram numa coleção comum depois da queda da Samaria (722/721 a.C.). Mas só durante ou mesmo depois do exílio da Babilónia é que o livro foi integrado na grande História de Israel, concluída pelos redatores deuteronomistas e composta pelos seguintes livros: Dt, Js, Jz, 1 Sm, 2 Sm, 1 Rs e 2 Rs.  A estes redatores se devem, certamente, as intro­duções gerais já men­cionadas (Jz 1,1-3,6), assim como a introdução a cada um dos Juízes. Esta redação deuteronomista conferiu uma unidade teoló­gica a todo o livro, que passou de amálgama de histórias locais a um livro de caráter nacional.
                                                          
                                   JUÍZA DÉBORA

         
                                VALOR HISTÓRICO

O livro dos Juízes é um dos chamados “Livros His­tóricos” da Bíblia, mas é histórico segundo o modo de escrever História no seu tempo. Nesse gênero literário cabiam não apenas os fatos e os documen­tos, como acontece na historiografia moderna, mas também o mito, discur­sos (veja-se o belo apólogo de Jotam: 9,7-20), etiologias, peque­nos fatos do dia-a-dia, etc. Este livro fornece-nos um quadro geral único do modo de vida das tribos de Israel, depois da instalação em Canaã, no que toca à vida política, social e religiosa. É também interessante o fato de nos falar já do difícil relacionamento entre algumas tribos, que irá ter o seu desenlace na separação entre o Norte e o Sul, depois de Salomão.  O tempo dos Juízes corresponde a mais de dois séculos de História, o que lhe confere um valor especial, embora a contagem dos anos fornecidos pelo texto nos dê exatamente 410 anos. Este fato é certamente devido ao uso corrente do número simbólico 40, que significa uma geração, isto é, a vida de uma pessoa. Esta indicação diz-nos bem do caráter aproximativo dos dados cronológicos do livro. A cronologia real da época dos Juízes nunca poderá afastar-se muito do período entre 1200 e 1030.


              TEOLOGIA

Como qualquer livro da Bíblia, também o dos Juízes não foi escrito para nos fornecer simplesmente a História fatual das tribos de Is­rael. Antes de mais, foi escrito para manifestar como Deus acompanha o seu povo na sua História concreta, mesmo no meio dos mais graves aconte­cimen­t­os, como as guerras contra os povos inimigos. A sua teologia funda­mental é proposta pelos redatores deuteronomistas nas Introduções (1,1-3,6), em que aparecem fórmulas características como «os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor» (2,11; 3,7.12; 4,1; 6,1; 10,6; 13,1). Desta infidelidade do povo ao Deus fiel da Aliança segue-se o castigo, que aparece nas derrotas perante os povos estrangeiros; e depois, a vitória, mediante os intermediários do Senhor, os Juízes “salva­dores” (3,31; 6,15; 10,1). A ideia teológica que ressalta deste livro é, pois, a imagem que um povo livre tem de Deus, que o acompanha para o libertar. Não nos devem escandalizar os “pecados” destes Juízes, homens rudes que precisamos de situar no seu tempo e que procedem segundo a moral de então. Caso paradigmático é a história de Sansão. Teremos que tentar, antes, descobrir o que há neles de positivo: a ação de Deus, que os anima com o seu espírito para conduzir o povo de Deus (3,10; 6,34; 11,29; 13,25). Neste sentido, eles foram uma antecipação dos reis de Israel.
                    

                                       SANSÃO     
     

                                     


                               S Í N T E S E

Chegamos a conclusão que Juízes, eram pessoas, homens e mulheres carismáticos e com um grande valor moral, obedientes ao Senhor Deus, mas não eram constituídos oficialmente como chefes, eles tinham  personalidades fortes e eram capazes de intervir sobre as tribos. Defendias todas a tribos, e quando uma era atacada, convocava as outras para defendê-las. Quando necessário fazia o papel de "Juíz de nossos dias "julgando": condenando ou libertando.  Dentre os Juízes podemos destacar três: Gedeão que aparece no capítulo (6,11); a profetisa e Juíza Débora no capítulo ( 4,1), o tribunal de Débora era debaixo de uma palmeira; e Sansão no capítulo (13,1). Esse último ficou famoso e virou personalidade  histórica, foi traído por Dalila que descobriu que suas forças estava em seus cabelos, que os cortou tirando todo seu vigor físico. Entregou-o aos Filisteus, que furaram seus olhos e o levaram para Gaza, e lá ficou preso. Então os chefes do Filisteus se reuniram para oferecer um grande sacrifício ao Deus Dagon, tiraram Sansão da prisão, e, em humilhação o fizeram dançar entre duas colunas que sustentava o templo. Então Sansão invocou o Senhor Javé, e como seu cabelo já havia crescido novamente, Deus lhe devolveu toda sua força, e ele gritou: "Que eu morra junto com os Filisteus". Empurrou as colunas com toda força, e o templo desabou sobre os chefes e todo povo que ali estava. Sansão morreu, mas também naquele dia matou muito mais gente que havia matado em toda sua vida.
Ele foi enterrado no templo do seu pai Manué. Foi  Juiz em Israel por vinte anos.
Podemos tirar a conclusão do livro, que se deve manter sempre viva a memória ou a consciência histórica dos antepassados, levando sempre em frente o projeto de "Deus", de justiça social e fidelidade, de geração a geração. O grande desafio sempre foi, e sempre será, quebrar a idolatria, que impede a liberdade e a vida.

Até o próximo capítulo  .... 14  que será o livro de Rute.


Fiquem com Deus.




José Aparecido da Silva
          (Zezinho)
 
23/07/2012


Fontes:www.bibliacatolica.com.br;www.capuchinhos.org;www.catequesecatólica.com.br.;Bíblia pastoral/CNBB/Canção Nova; programa diário/Padre Reginaldo Manzotti; Montagem, redação, ortografia e síntese: minhas
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